22-05-2023
Novos resultados de investigação revelam que antigos vulcões extintos localizados nas margens continentais em todo o mundo podem capturar de forma segura e permanente centenas (a milhares) de giga toneladas de CO2 em minerais recém-formados. Um estudo recentemente publicado na revista Geology por investigadores da Universidade NOVA de Lisboa e da Universidade de Aveiro, analisou um vulcão do Cretácico Superior, a oeste de Portugal, como um caso de estudo que pode ajudar a desvendar locais seguros para armazenamento de CO2.
Este trabalho revela que este edifício vulcânico pode armazenar até 8,6 Gt de CO2, através de um processo denominado carbonatação mineral “in situ”. Este processo ocorre naturalmente em basaltos e peridotitos (por exemplo, o ofiólito de Semail em Omã) e foi replicado com sucesso como um método industrial na Islândia, no projeto de injeção Carbfix. Este processo é considerado mais seguro do que o armazenamento em rochas porosas na subsuperfície. Ao investigar a natureza e a arquitectura do vulcão, esta análise estabelece uma nova abordagem que permite estimar os volumes de armazenamento de CO2 noutros vulcões em margens continentais em todo o mundo, e suporta o conceito de que centenas de giga toneladas de CO2 podem ser capturadas e contribuir para mitigar os impactos de emissões antrópicas. Este único edifício vulcânico pode ser responsável por armazenar até 125 anos de emissões industriais anuais em Portugal, abrindo as portas para novas linhas de investigação e conduzir a um teste piloto, para verificar o potencial de armazenamento de CO2 em contextos geológicos análogos.
Ricardo Pereira, Davide Gamboa; In situ carbon storage potential in a buried volcano. Geology 2023; doi: https://doi.org/10.1130/G50965.1